![]() |
Imagem de reprodução |
Acompanhada da filha de 7 anos, Cristiane de Souza Andrade, de 46, saiu de casa, na noite de quinta-feira, para fazer compras em um mercado no Estácio, bairro onde morava desde 1991. Todos os dias, ela seguia a mesma rotina, que acabou sendo quebrada de forma brutal, na movimentada Rua Haddock Lobo. Eram cerca de 20h30m quando, voltando das compras, a dona de casa foi abordada por um assaltante. Ao dizer que não tinha dinheiro, ela levou duas facadas no pescoço, na frente da criança, que testemunhou toda a ação.
A criança ainda teve forças para ajudar a socorrer a mãe, que, levada ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, não resistiu aos ferimentos.
O crime ocorreu perto de vários prédios de órgãos públicos, como o Hospital Central da PM, a Policlínica da Polícia Civil, o Centro de Comando e Controle do Governo do Estado e o Centro de Operações Rio, além da sede da própria prefeitura.
— A minha mãe havia saído do mercado quando aconteceu (o crime). Um rapaz se aproximou dela, anunciou o assalto e pediu dinheiro. Ela disse que não tinha. O cara simplesmente deu duas facadas no pescoço dela — contou, inconsolável, o universitário Wallace de Souza Andrade, de 27 anos.
O relato de como a mãe foi atacada coube à criança.
— Foi duro ter que ouvir isso de uma menina de 7 anos, viu? Ela sabe que a mãe está machucada, mas a gente não teve como contar ainda do falecimento. Não sabemos como dar a notícia — disse Wallace, ainda sem explicação para o que aconteceu com a mãe. — Foi ali pertinho da prefeitura. Deveria haver segurança.
Parentes da dona de casa foram ouvidos na 6ª DP (Cidade Nova), mas o caso é investigado pela Divisão de Homicídios (DH). Na tarde de ontem, o corpo dela foi enterrado no Cemitério do Caju, em meio a muita emoção. A mãe de Cristiane passou mal e não conseguiu comparecer à cerimônia. Parentes e amigos da vítima reclamaram da insegurança no Estácio.
Na área, durante os Jogos, funcionará o Rio Media Center. A previsão é de que pelos menos 700 jornalistas de todo o mundo circularão pela região.
— Ficam muitos usuários de drogas na praça da estação do metrô, onde acontece a maioria dos roubos. Uma amiga já tinha levado uma facada na perna, só que a gente não vê um policial, um guarda municipal — denunciou Eduardo Cataldo, de 37 anos, amigo da dona de casa.
Tio de Cristiane, o militar da reserva Tobias Luiz Silveira disse que ela estudava e cuidava do marido, que está com câncer.
— Era uma pessoa alegre, trabalhadora. Foi vendedora por muitos anos e fazia um curso de técnica de enfermagem. Além de cuidar da filha, ajudava muito o marido no dia a dia — contou Tobias.
O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, classificou como “inaceitável” o crime.
— Como todo crime dessa natureza, mancha a imagem da cidade e é inaceitável. Este ato mostra descompromisso e desapego pela vida — disse Beltrame, prometendo reforço de 800 policiais para a Região Metropolitana, além de 1.300 praças.
Em nota, a PM informou que o policiamento na região é realizado diariamente com motos, carros e também a pé.
Informações: O Globo